Pacientes eram mulheres, moradoras do interior, com menos de 30 anos, sem comorbidades, que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave.
As duas mortes por Febre do Oropouche ocorridas na Bahia neste ano foram as primeiras registradas em todo o mundo. A informação foi confirmada pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (25). Conforme o órgão, "até o momento, não havia relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de óbito pela doença".
As mortes já tinham sido divulgadas pela Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), que fez as investigações. O Ministério destacou que as vítimas são mulheres, moradoras do interior, com menos de 30 anos, sem comorbidades, que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave.
De acordo com a Sesab, os dois óbitos primeira morte por Febre do Oropouche no estado ocorreram na região do baixo sul. O primeiro foi registrado no dia 17 de junho. A paciente tinha 24 anos, morava em Valença, e a morte aconteceu no mês de março.
Na última segunda-feira (22), foi registrada a segunda morte. A paciente tinha 21 anos. O óbito aconteceu em maio deste ano, mas só foi divulgado depois porque, assim como no primeiro caso, diversos exames precisaram ser feitos para que a causa fosse confirmada.
Bahia registra segunda morte por Febre do Oropouche
A Sesab detalhou que as mulheres foram internadas com febre alta, dor de cabeça, náuseas, vômito, diarreia, dores em membros inferiores, dor retroorbital, dores musculares, além de fraqueza, falta de energia e cansaço.
Os sintomas evoluíram com sinais mais graves, como sangramentos nasal, gengival e vaginal, hipotensão, queda brusca de hemoglobina e plaquetas até o óbito.
"São dois casos de pessoas jovens, saudáveis, sem comorbidades. Isso foi o que nos chamou ainda mais atenção", afirmou o infectologista Antônio Bandeira, que faz parte da vigilância estadual e já havia alertado que os óbitos eram inéditos na literatura médica mundial.
De acordo com a Sesab, o estado enfrenta um surto da doença. Desde março já foram confirmados 835 casos, em 59 cidades. As primeiras ocorrências foram em Valença, onde o primeiro óbito foi registrado, e em uma cidade vizinha, Laje.
Até a última atualização da secretaria, divulgada no início dessa semana, a cidade de Ilhéus liderava a lista de registros, com 110 casos. Gandu aparecia com 82 registros positivos, seguida de Uruçuca, com 68. Todos esses municípios ficam no sul.
LEIA TAMBÉM
Secretaria da Saúde da Bahia registra duas mortes por Febre do Oropouche no estado — Foto: Divulgação/Sesab🦟 A Febre do Oropouche é uma doença viral transmitida pelo Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Até o momento, não há registros de transmissão direta entre pessoas.
📚 O arbovírus foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, na amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém - Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram registrados no país.
🌡️ Os sintomas incluem febre, dor de cabeça e dores musculares, semelhantes aos de outras arboviroses como a dengue e a chikungunya.
💊 Não existe tratamento específico para a Febre do Oropouche. Ele é focoroado no alívio dos sintomas.
🔎 Com o aumento no número de casos, a Secretaria da Saúde do Estado intensificou as ações de investigação epidemiológica nas regiões em que houve registros da doença.
Outros casos no país
Bahia enfrenta surto da Febre do Oropouche — Foto: Flávio Carvalho/WMP/Fiocruz
O Ministério da Saúde informou que mantém monitoramento de casos e possíveis óbitos por Oropouche por meio da Sala Nacional de Arboviroses, com diálogo constante com as secretarias estaduais e municipais de saúde.
O acompanhamento tem sido realizado também por meio de visitas técnicas, investigação in loco, busca ativa e pesquisa vetorial em apoio a resposta local dos estados e municípios.
A detecção de casos foi ampliada para todo o país em 2023, após o órgão disponibilizar de forma inédita testes diagnósticos para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Com isso, os casos, até então concentrados na região Norte, passaram a ser identificados também em outras regiões do país.
Conforme o órgão, em 2024, foram registrados 7.236 casos, em 20 estados brasileiros. A maior parte dos casos foi registrada no Amazonas e Rondônia. Atualmente, segue em investigação um óbito no estado de Santa Catarina e foi descartada a relação com um óbito ocorrido no Maranhão.
Além disso, estão em investigação seis casos de transmissão vertical (de mãe para filho) da infecção: 3 em Pernambuco, 1 na Bahia e 2 no Acre. Dois casos evoluíram para óbito fetal, houve um aborto espontâneo e três casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia.
As análises são feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério, para concluir se há relação entre a febre e casos de malformação ou abortamento.
A pasta emitiu no dia 11 de julho de 2024 uma nota técnica a todos os estados e municípios, recomendando a intensificação da vigilância em saúde após a confirmação de transmissão vertical do vírus pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), que identificou presença do genoma do vírus em um caso de morte fetal e de anticorpos em amostras de quatro recém-nascidos.
Entre as recomendações estão a de intensificar a vigilância na gestação e o acompanhamento dos bebês de mulheres que tiveram suspeita clínica de arboviroses - dengue, zika, chikungunya e Febre do Oropouche; e alertar sobre medidas de prevenção para a população, incluindo gestantes, como evitar áreas com muitos maruins e mosquitos, e optar por roupas que cubram a maior parte do corpo.
por Redação 2JN
Modelos de Sites Jornalísticos/TV e Radio Web/Lojas Virtuais da PescWeb
A Melhor Hospedagem Web pelo melhor preço do Brasil